Professor Leandro Bravo

CAPÍTULO 7 – O gigante mercenário

CAPÍTULO 7

 

O gigante mercenário

 

— Princesa?! — exclamaram Aladar e Nestor ao mesmo tempo sem acreditarem no que haviam acabado de ouvir.

— Ah, ela escondeu isso de vocês? — ironizou o gigante soltando uma gargalhada. — Hahahahaha.

— Eu prometi ao meu pai que não revelaria a ninguém! — confessou Isla a Aladar com o coração quase saindo pela boca.

Aladar encarou o gigante, o qual chamava-se Agur, e perguntou ousadamente:

— O que você quer com ela?

— Eu quero ela! — respondeu Agur fechando a cara. — Vim buscar a Vossa Majestade do Reino da Benignidade. E se você não quiser morrer vai me entregá-la logo!

— Então lutaremos! — gritou Nestor lançando o escudo de ferro para Aladar, o qual já estava com a espada na cintura.

Aladar agarrou o escudo no ar, mas repreendeu o irmão:

— Não se intromete! — disse mantendo os dentes cerrados. — Deixa que eu negocio com ele…

— Hahahahaha — gargalhou o gigante mais uma vez, e em seguida, observando Cecília, perguntou. — Por que a garotinha perdeu o cabelo? O que ela tem?

— Não é da sua conta — respondeu Aladar buscando poupar a menina de qualquer ofensa por parte do gigante.

— Eu já sei… — insistiu Agur debochando — Ela está enferrujando como se fosse uma boneca de lata. Última chance… me entrega a princesa e foge enquanto é tempo!

Assim, foi como se o tempo parasse para o soldado Aladar. Naturalmente, qualquer um em sua posição acreditaria estar diante da morte iminente.

Porém, a voz de Nestor, logo, trouxe-o de volta para a realidade:

— Acoooorda Aladar, o gigante vai te matar! 

Quando Aladar olhou para a frente, percebeu o gigante tentando acertá-lo com a lança. Mas conseguiu desviar-se por um milagre.

Rei dos céus”… pensou Aladar. Então, teve que abaixar-se para evitar outro golpe com a lança.

Depois, em uma reação rápida, empunhou o escudo com a mão esquerda enquanto pegava a espada da cintura usando a mão direita. Logo, arremessou a espada com toda a sua força bem na perna do gigante.

— Oooooouuuhhhhh! — uivou Agur de tanta dor.

Aproveitando que o homenzarrão havia dobrado levemente as pernas, Aladar correu e saltou apoiando seu pé direito no joelho do gigante ao mesmo tempo em que puxou a espada fincada no músculo de sua coxa. Depois, tomando impulso, tentou cravar a lâmina no coração de Agur, porém Agur deu-lhe um soco lançando-o contra o chão.

O gigante, então, olhou ao redor procurando por sua lança que havia caído. Nisto, avistou Nestor tentando erguê-la do chão. Assim, ele dirigiu-se ao garoto com a intenção de esmagá-lo. Mas Isla, montada em Amizade, chocou-se, de propósito, contra o corpo dele.

E o impacto da pancada deixou o gigante atordoado. Porém, Isla e Amizade foram ao chão feridas.

Agur, percebendo que estava a ponto de desmaiar mandou seu dragão atacar. E em seguida, perdendo os sentidos, desmoronou.

Aladar, após levantar-se, montou novamente em Ventania tomando a dianteira à frente de Cecília. Neste momento, o dragão estava perseguindo Nestor que corria pisando nas costas do gigante caído.

Aladar, então, voou até o réptil e girando sua espada feriu o dragão na altura do pescoço.

Em seguida, deu a volta, sobrevoando o gigante que já começava a levantar-se. 

Assim, Aladar pulou de Ventania, caindo sobre Agur com a lâmina da espada virada para baixo e atravessou-a no coração do gigante. Agur morreu. 

Mas o dragão ainda continuava vivo e acabou atacando Isla. Porém, no exato momento em que o réptil ia ferir a princesa usando suas unhas em formato de navalhas, uma flecha atravessou seu pescoço. Posteriormente, outras duas flechas também perfuraram a garganta do animal, levando-o a cair liquidado.

“Átila” pensou Isla surpresa, enquanto via a silhueta de um arqueiro aproximar-se. 

— Quem é você? — perguntou Aladar curioso.

— Meu nome é Átila — respondeu o homem.

— Não pode ser! — disse Isla animada. 

Então, correu ao encontro dele e abraçou-o. 

— Pensei que você estivesse morto.

— Não enquanto você estiver em perigo, princesa.

Aladar, Cecília e Nestor também aproximaram-se do arqueiro levando Ventania e Amizade pelos cabrestos. Tanto o soldado Aladar quanto a égua Amizade haviam se machucado bastante durante o confronto apesar de estarem razoavelmente bem para prosseguirem a viagem.

— Como meu pai está? — perguntou Isla assim que a adrenalina baixou.

— Sinceramente não sei, Vossa Alteza. Quando vi seu pai pela última vez, ele enfrentava os criminosos na vila. Então, me deu ordens para ir atrás de você. Tenho seguido suas pistas desde então.

Ao ouvir estas palavras, Isla, sentindo-se triste, abaixou a cabeça. 

Mas alguns raios de sol brilhavam sobre ela como se quisessem consolá-la a respeito de seu pai. A verdade é que a luz do sol realçava o dourado dos seus cabelos, tornando-os deste modo semelhantes a fios de ouro. 

E quando ela, finalmente, ergueu a cabeça e olhou para Aladar, ele teve a impressão de que a moça havia tornado-se muito mais bonita do que antes. Talvez fosse só o efeito do sol. Mas quem sabe, o fato dele, agora, saber que Isla era uma princesa alterava a forma como via-a. Contudo, o mais provável, é que mesmo tendo acabado de conhecer Átila, já estava com ciúmes do relacionamento entre eles.

— Aladar, este é um dos meus guarda-costas pessoais — disse a moça, porém, notando expressões confusas nos rostos dos três continuou —, e eu sou Isla… uma princesa do Reino da Benignidade. Eu, meu pai e os nossos guardas reais saímos disfarçados em busca das folhas para curar minha cegueira.

Porém, neste momento, Aladar não prestava muita atenção ao que a moça dizia, ao invés disso observava Átila atentamente. Portanto, calculou que o homem tivesse por volta de uns 30 anos. Ele tinha os cabelos loiros, olhos verdes e apresentava uma postura cordial.

Átila cumprimentou-o respeitosamente, entretanto, quando Aladar apertou sua mão sentiu uma agulhada recolhendo o braço em seguida com um movimento brusco.

— Desculpe — disse o homem mostrando a palma da mão. — Foi uma lasca de flecha entre meus dedos. 

Na realidade, a fisgada na mão não havia incomodado tanto Aladar quanto o ciúmes que sentia.

— Então seu pai é rei? — disse Nestor à Isla sem perceber o descontentamento do irmão.

— Não… — disse Isla lentamente. — Ele já foi rei, mas abdicou do trono para que meu irmão mais velho governasse. Então ele está… digamos… aposentado no momento.

— Nem consigo acreditar! — exclamou Cecília fascinada com o fato de ter conhecido uma princesa pessoalmente.

Mas Aladar, olhando para Cecília e vendo que apesar de toda aquela animação a menina achava-se muito debilitada disse:

— Precisamos continuar… a Cidade é logo ali e vocês duas precisam das folhas…

Os sentimentos de Isla por Aladar não haviam mudado. No entanto, ele, agora, estava inseguro e frustrado com o fato da moça pertencer à realeza. Pois pensava que isso poderia acabar com o romance entre os dois. Afinal, ele era um soldado da Vila da Humildade e ela uma princesa.

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